O anúncio da instalação de pelo menos quatro novas biorrefinarias na Bahia devem tornar o estado autossuficiente na produção de etanol. Somente as duas plantas já anunciadas, que representam investimentos da mais de R$ 2 bilhões, devem somar, inicialmente, uma produção de cerca de 720 milhões litros/ano, o que já supera a demanda baiana pelo combustível.
Hoje, o Bahia importa cerca de 80% do que consome de etanol. “Considerando que o etanol é um dos combustíveis renováveis mais importantes, existem diversos protocolos de intenções para que tenhamos mais fábricas aqui. Já temos uma em Rosário, dois projetos na região do Luís Eduardo Magalhães e outro em Santa Rita de Cássia, todas no oeste do estado”, informou o diretor-presidente da Empresa Baiana de Ativos (BahiaInveste), Paulo Guimarães. Segundo ele, a Bahia pode passar a ser até exportadora do produto.
As novas plantas são atraídas pelos novos incentivos fiscais do governo do Estado, que consistem em crédito presumido de 75% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) apurado nas operações com etanol anidro (puro, que é misturado à gasolina) e hidratado (comercializado nos postos de combustíveis), além dos chamados DDGs (coproduto da indústria de etanol de milho que pode ser usado na alimentação animal) e óleos diversos. O decreto, já em vigor, também prevê a desoneração de bens do ativo importados e do diferencial de alíquotas em relação a equipamentos adquiridos no país.
De acordo com o secretário da fazenda, Manoel Vitório, “ainda será concedido um crédito presumido médio por litro de álcool anidro para a indústria fabricante, evitando aquisições do produto de outros estados com crédito fiscais superiores, medida que irá favorecer a arrecadação da Bahia”.
Investimentos
Um dos primeiros empreendimentos anunciados é o da Petrobahia, em parceria com a Impacto Bioenergia, J&H Sementes e ICM, na biorrefinaria para a produção de álcool derivado de milho. O investimento deve ultrapassar de R$ 1 bilhão e a unidade ficará situada entre os distritos de Rosário e Brejão, região limítrofe entre os municípios de Correntina e Jaborandi, no Oeste baiano. O projeto Farol tem previsão para início do funcionamento no segundo semestre de 2026. A planta terá capacidade, em sua primeira fase, de processar 600 mil toneladas de milho e produzir 258 milhões de litros de etanol anidro por ano, além de 180 mil t/ano de DDGS e 9 mil m3/ano de óleo de milho para fins industriais.
Já a biorrefinaria da Inpasa, em Luís Eduardo Magalhães, receberá investimento de R$1,2 bilhão e a expectativa é de que sejam gerados cerca de 2,5 mil empregos diretos durante a obra e mais de 450 empregos diretos com o início das operações. Ela terá capacidade de processamento anual de 1 milhão de toneladas de grãos. A produção contempla 460 milhões litros/ano de etanol, 230 mil toneladas/ano de DDGS, 23 mil toneladas/ano de óleo vegetal e 200 Gwh ao ano de energia elétrica.